Quatro em cada dez brasileiros afirmam receber fake news diariamente, mostrou uma pesquisa publicada pela Poynter Institute na última quinta-feira (11). O estudo foi feito com apoio do Google e apontou ainda que mais da metade dos entrevistados (62%) - provenientes de diferentes países -acreditam receber informações enganosas online toda semana. Não há informações sobre o meio em que essas mensagens chegam aos participantes - que envolvem homens e mulheres de todas as gerações (acima de 18 anos).
Os dados foram coletados entre 27 de junho a 20 de julho de 2022 e contaram com mais de 8,5 mil participantes - sendo 1.177 provenientes do Brasil. Entre todos os países analisados, a taxa de pessoas que afirmam ter compartilhado informações falsas por engano é de 39%. Confira os principais pontos da pesquisa e como ela impacta o uso da internet pelos brasileiros.
O que diz a pesquisa e como foi feita?
A empresa internacional especializada em pesquisas sobre internet YouGov ouviu, entre os meses de junho e julho, pessoas de sete regiões diferentes do mundo. São elas Estados Unidos, Brasil, Reino Unido, Alemanha, Nigéria, Índia e Japão. As diferenças entre as gerações também foram levadas em consideração no estudo, que integrou a Geração Z (idades entre 18-25), Millennials (26-41), Geração X (42-57), Boomers (58-67) e Geração "Silenciosa" (acima de 68+).
De acordo com os dados divulgados, os entrevistados dos EUA, Reino Unido, Brasil e Nigéria foram os mais propensos a ter acesso às informações falsas ou enganosas diariamente, em comparação com a Índia, Alemanha e Japão. No Brasil especificamente, 44% dizem ter contato com fake news diariamente, enquanto 27% e 13% afirmaram ser impactados por esse tipo de conteúdo semanalmente e mensalmente, respectivamente. Além disso, em todos esses países combinados, 62% das pessoas analisadas acreditam receber informações falsas toda semana.
Quatro em cada dez entrevistados estão muito preocupados com os efeitos desses conteúdos enganosos sobre a educação dos jovens e os efeitos na saúde pública. Nesse núcleo, as gerações que estão mais em alerta são também a Z, Millennials e X. Já a Geração X e os Boomers, por sua vez, têm mais preocupação com os efeitos disso na política.
Mais jovens são quem mais checam informações
As idades mais jovens - integradas pelas Gerações Z e Millennials, na faixa até 41 anos - checam com mais frequência as informações do que as pessoas de idades mais avançadas, segundo identificou a pesquisa. As principais checagens são feitas em sites de pesquisa (44%), como Google ou Bing, e nesse quesito gerações mais jovens também se sentem mais confiantes em identificar conteúdos falsos do que os mais velhos.
Em segundo lugar, os usuários entrevistados também dizem checar informações recebidas por mensageiros, como WhatsApp (39%), e redes sociais como Facebook (36%), YouTube (34%) e sites de notícias nacionais (33%). Entre os veículos que as pessoas mais confiam - ou seja, em que menos verificam informações recebidas - estão o Twitter (22%), TikTok (16%) e Snapchat (12%).
Entre todas as gerações, a forma mais ampla (49%) de checagem de fake news é feita por meio de uma fonte com reputação - ou seja, que seja amplamente conhecida, como jornais e revistas. Em seguida, as pessoas apontaram olhar a data de postagem da notícia (46%) e, depois, usar um mecanismo de busca para saber mais sobre a informações ou quem publicou (41%).
Os entrevistados do Brasil, Índia e Nigéria, segundo identificou a pesquisa, mantêm um padrão de leitura lateral - ou seja, abrem várias abas e realizam múltiplas pesquisas na hora de verificar os dados recebidos. As funções de filtrar por data e hora, procurar em diferentes métodos de busca e pesquisar por imagens também são incluídas nesse tipo de processo.
Compartilhar informações
Uma parcela de 39% dos entrevistados em geral alegaram ter compartilhado informações falsas acidentalmente. As maiores porcentagens que afirmam ter enviado fake news sem querer está na Índia (48%), Nigéria (48%) e Brasil (43%), representando quase metade das respostas. Nos EUA e no Reino Unido, cerca de um terço dizem o mesmo, e na Alemanha, menos de uma em cada quatro pessoas.
A Geração Z e os Millennials são mais propensos do que a geração Silenciosa a dizer que compartilharam informações enganosas. Mas, segundo os entrevistados, por que eles fizeram isso? De acordo com a pesquisa, 55% afirmam que compartilharam informações falsas porque acreditavam ser verdadeiras. Ainda, um terço disse ter enviado para amigos e familiares de maneira impulsiva, sem antes verificar atentamente.
As gerações com idade mais avançada são mais relutantes em corrigir pessoas que postam fake news ao se deparar com elas online. Já um terço das Gerações Z e Millennials dizem que alertam de que se trata de um post falso quando se trata de pessoas mais próximas.
Principais descobertas no Brasil
A pesquisa faz um resumo sobre os pontos de alerta em cada um dos países analisados. No caso do Brasil, destaca a alta porcentagem (44%) de internautas que tem acesso a fake news diariamente. Além disso, aponta que cerca de dois em cada três brasileiros (65%), considerando todas as gerações, estão preocupados que eles mesmos ou alguém de sua família acabe acreditando em notícias falsas.
Brasileiros checam a fonte (66%) e a data das postagens (59%) para verificar as informações que encontram na internet e usam um buscador (55%) para saber mais sobre postagens que suspeitam serem enganosas. Ainda, quem mais verifica informações de forma completa em um mecanismo de busca é a Geração X. Por fim, por aqui, os entrevistados dão mais importância ao fato da informação vir de um jornal ou ser compartilhado por uma figura pública ou influenciador que eles seguem.
Como se proteger?
As fake news rodam mensageiros, como WhatsApp e Messenger, e redes sociais, como Facebook, e até TikTok. Para evitar cair em farsas, é importante ficar de olho e abusar das fontes de checagem.
Verificar em diferentes sites ou ferramentas de busca é a primeira ação que você deve tomar. Ao receber uma informação pelo WhatsApp, por exemplo, uma boa linha de atitude é conferir a data e o veículo em que a notícia foi postada oficialmente. Além disso, não acredite em qualquer coisa que você lê por aí - principalmente em épocas "coringa", como eleições.
Comentários: