A Polícia Federal investiga nesta quinta-feira (17) um esquema de corrupção e fraude em licitações, evasão e lavagem de dinheiro que seria praticado por uma organização criminosa que explorava a Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Os policiais cumprem 29 mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro e em São Paulo, inclusive na sede da Fundação no bairro de Botafogo, na capital fluminense, na operação batizada como “Sofisma”. Entre os alvos estariam integrantes da família Simonsen, que são fundadores da FGV.
Residência de um diretor da FGV, alvo da operação Sofisma, na Barra da Tijuca, no Rio / Divulgação/Polícia Federal
A investigação mostra que, além da emissão de pareceres falsos para esconder a corrupção dos agentes públicos, havia também superfaturamentos em contratos por dispensa de licitação.
Segundo a PF, a entidade “era utilizada para fraudar processos licitatórios, encobrindo a contratação direta ilícita de empresas indicadas por agentes públicos, de empresas de fachada criadas por seus executivos e fornecendo, mediante pagamento de propina, vantagem a empresas que concorriam em licitações coordenadas por ela”.
Para esconder o dinheiro ilícito, além de empresas de fachadas nacionais, os policiais notaram que vários executivos usavam offshores em paraísos fiscais como Suíça, Ilhas Virgens e Bahamas.
Essa ação foi determinada pela 3a Vara Criminal Federal do Rio de Janeiro, inclusive com ordens de sequestro e cautelares restritivas. As penas podem chegar a quase 90 anos de prisão.
A FGV manifestou “estranheza e profunda indignação” diante das ações de investigação diz que ela e seus dirigentes “vêm sendo alvo de perseguição”.
“A FGV firmou Termo de Ajustamento com o Ministério Público do Rio de Janeiro, que foi homologado judicialmente e vem sendo regiamente cumprido, motivo, inclusive, de elogiosas manifestações por parte dos órgãos de fiscalização”, disse em nota. Veja abaixo a íntegra do texto.
Íntegra da nota da Fundação Getulio Vargas:
“A Fundação Getulio Vargas oi surpreendida na manhã dessa 5ª feira, 17/11/2022, com o cumprimento de mandados de busca e apreensão em suas dependências do Rio de Janeiro e de São Paulo, por força de decisão do Juiz Substituto da 3ª Vara Federal do Rio de Janeiro, Vitor Barbosa Valpuesta. Tal decisão acolhe pedido do Ministério Público Federal formulado em face de alegadas irregularidades em contratos firmados pela instituição, com base em depoimentos do ex-governador Sérgio Cabral, não obstante a sua delação ter sido anulada pelo Supremo Tribunal Federal.
Desde 2019 a FGV, assim como seus dirigentes, vêm sendo alvo de perseguição e vítimas de imputações quanto a supostos fatos de até 15 anos atrás, que redundaram no ajuizamento de uma Ação Civil Pública que teve sua inicial indeferida e, rigorosamente, versou sobre todos os temas agora utilizados para deferimento da medida de busca e apreensão.
Como se não bastasse, a FGV firmou Termo de Ajustamento com o Ministério Público do Rio de Janeiro, que foi homologado judicialmente e vem sendo regiamente cumprido, motivo, inclusive, de elogiosas manifestações por parte dos órgãos de fiscalização.
Causa, pois, estranheza e profunda indignação a reiteração, na esfera federal, de temas já sepultados perante a justiça estadual que, agora requentados, maculam gravemente a imagem de uma entidade que, há mais de 70 anos, tanto contribui para o desenvolvimento do Brasil, que, atualmente, é a 3ª mais respeitada instituição do mundo, em sua área de atuação.
A FGV reitera sua confiança nos poderes constituídos, em particular no Poder Judiciário brasileiro, e adotará todas as medidas cabíveis para defesa de sua história, que a tornou motivo de orgulho para o setor produtivo brasileiro, de sua imagem e da honradez com a qual, desde 1944, atua ao lado das principais instituições do país.”
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